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Vi a tristeza nos olhos cheios de lágrimas da minha mãe ao ver-me partir. Eu não conseguia acalmá-la ou, sequer, abraçá-la; demonstrações de afeto sempre foram muito difíceis na minha infância. Em uma das mãos, ela segurava o número de telefone que foi anotado rapidamente e que eu a entreguei segundos antes de sair. Eu me sentia a pessoa mais irresponsável do mundo. Muito jovem, eu não tinha as mínimas condições de enfrentar as barreiras que a vida me ofereceria. Tentei não prolongar as explicações, tentei não chorar, tentei ser responsável fazendo uma irresponsabilidade.
Eu já havia caminhado 10 ou 15 metros e olhei uma última vez pra trás, vi minha mãe chorando e não contive as lágrimas. Chorei por ter que deixá-la, chorei por ter que fazer-me adulto antes do tempo e acenei uma última vez.
"_Vá meu filho, mas se você precisar pode voltar". Ouvi e, com a cabeça, fiz sinal de positivo sem conseguir dizer uma palavra sequer. Em pensamento, pedi que Deus a confortasse e continuei caminhando.
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Autor: Thiago Delano, (rascunhos).