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Menino, ensaio a velhice vivendo o hoje.
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Autor: Thiago Delano, (rascunhos).
28 de fev. de 2013
27 de fev. de 2013
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Havia duas ou três semanas que eu não via a minha mãe. Acho que ela estava jogando conversa fora com os amigos ou viajando à trabalho, sei lá. Ela não avisou que ficaria alguns dias fora e ninguém se preocupou pois os sumiços eram corriqueiros.
Já era fim de tarde quando ela chegou. Foi direto ao banheiro pois parecia cansada e precisava de um banho. Do portão de entrada até chegarmos à porta do banheiro eu tentei segurá-la pela mão exprimindo minhas saudades mas ela se esquivava e dizia: "_Me deixe em paz!". Eu não entendia direito o que estava acontecendo e pensei que ela estivesse cansada demais pra conversar comigo por alguns minutos antes do banho.
Não vi quando ela saiu do banho e só fui vê-la novamente um mês depois.
Eu não me recordo destes fatos, e nem poderia, eu tinha pouco mais de um ano de idade.
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Autor: Thiago Delano, (rascunhos).
26 de fev. de 2013
Sonhar é dar sentido à vida. Quando se sonha, o valor de cada conquista é muito maior e dá mais satisfação. Uma vida sem sonhos é uma vida banal. Eu vivo cada dia buscando um amanhecer ensolarado, uma noite quente pra dormir e querendo que uma gargalhada entoe no silêncio de um mundo triste. No fim, tudo que se quer é a realização daquele sonho antigo. Talvez ele se realize, talvez não.
Autor: Thiago Delano
Autor: Thiago Delano
23 de fev. de 2013
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Eu não me sentia bem. Náuseas e uma certa tontura me incomodavam um pouco. Fui ao banheiro e, em vão, tentei me animar com água fria no rosto. A sensação que eu tinha era de 39º de febre e um caminhão sobre os meus ombros. Olhei o ponteiro prateado do relógio que marcava 7:58h e me dei conta de que já estava na hora. Entrei e me sentei numa cadeira fria na porção mais escura do grande auditório que estava sendo usado na seleção, recebi a prova e comecei a respondê-la. Saí algumas vezes para aliviar a tensão, fiz ânsia duas ou três vezes mas resisti.
Eu não conseguia agradecer e muito menos sorrir quando recebi a notícia de que eu havia sido aprovado.
Levei horas até chegar em casa e, pelo caminho, a única coisa que eu tinha em mente era o quão feliz eu estaria no dia seguinte.
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Autor: Thiago Delano, (rascunhos).
Eu não me sentia bem. Náuseas e uma certa tontura me incomodavam um pouco. Fui ao banheiro e, em vão, tentei me animar com água fria no rosto. A sensação que eu tinha era de 39º de febre e um caminhão sobre os meus ombros. Olhei o ponteiro prateado do relógio que marcava 7:58h e me dei conta de que já estava na hora. Entrei e me sentei numa cadeira fria na porção mais escura do grande auditório que estava sendo usado na seleção, recebi a prova e comecei a respondê-la. Saí algumas vezes para aliviar a tensão, fiz ânsia duas ou três vezes mas resisti.
Eu não conseguia agradecer e muito menos sorrir quando recebi a notícia de que eu havia sido aprovado.
Levei horas até chegar em casa e, pelo caminho, a única coisa que eu tinha em mente era o quão feliz eu estaria no dia seguinte.
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Autor: Thiago Delano, (rascunhos).
22 de fev. de 2013
Nós nunca temos certeza de nada. Não temos certeza se o sol vai se pôr e muito menos se ele vai nascer novamente. É por essa incerteza que nós vamos levando a vida; buscando um lindo pôr do sol, um lindo amanhecer e uma vida sem arrependimentos. Ame. Se esforce. Respire fundo e aceite os desafios. Afinal, o sol pode não se pôr e a clara manhã de Domingo pode nunca chegar.
Autor: Thiago Delano
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Senti um solavanco. Levei a mão direita à nuca como se quisesse segurar a dor, fiquei tonto e me apoiei na parede grossa azulada ao meu lado, eu queria saber se sangrava. Nada de sangue. Ouvi risadas mas não senti raiva ou, sequer, quis revidar. Juntei os livros e cadernos que caíram e fiquei no canto da sala até a aula acabar. A sirene soou alto e a professora não percebeu nada. Eu havia escrito algumas coisas no caderno empoeirado, nada legível. Fui o último a sair.
Alguns dias depois, envergonhado e desviando o olhar como se nada tivesse acontecido, fingindo ser amigável e sendo insuportável, o mesmo garoto que havia me acertado pediu as respostas de algumas atividades que estávamos fazendo em sala de aula. Não. Foi essa a pequena e única palavra que eu usei olhando no fundo dos olhos dele. Assustado ele saiu e eu não me lembro de ele ter falado comigo uma outra vez.
Chega! Eu havia decidido não mais me calar. Eu não iria mais repassar as tão importantes respostas das atividades e muito menos me silenciar quando algo me incomodasse. Eu tinha chegado ao máximo de paciência que eu poderia ter. Nos dias seguintes eu ouvi alguns comentários a respeito da minha mudança de comportamento, isso incomodava algumas pessoas mas não me importei.
Levou um certo tempo e foi desgastante mas eu aprendi a me impor. Fiz isso sozinho. Nenhum conselho. Nenhuma influência.
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Autor: Thiago Delano, (rascunhos).
Senti um solavanco. Levei a mão direita à nuca como se quisesse segurar a dor, fiquei tonto e me apoiei na parede grossa azulada ao meu lado, eu queria saber se sangrava. Nada de sangue. Ouvi risadas mas não senti raiva ou, sequer, quis revidar. Juntei os livros e cadernos que caíram e fiquei no canto da sala até a aula acabar. A sirene soou alto e a professora não percebeu nada. Eu havia escrito algumas coisas no caderno empoeirado, nada legível. Fui o último a sair.
Alguns dias depois, envergonhado e desviando o olhar como se nada tivesse acontecido, fingindo ser amigável e sendo insuportável, o mesmo garoto que havia me acertado pediu as respostas de algumas atividades que estávamos fazendo em sala de aula. Não. Foi essa a pequena e única palavra que eu usei olhando no fundo dos olhos dele. Assustado ele saiu e eu não me lembro de ele ter falado comigo uma outra vez.
Chega! Eu havia decidido não mais me calar. Eu não iria mais repassar as tão importantes respostas das atividades e muito menos me silenciar quando algo me incomodasse. Eu tinha chegado ao máximo de paciência que eu poderia ter. Nos dias seguintes eu ouvi alguns comentários a respeito da minha mudança de comportamento, isso incomodava algumas pessoas mas não me importei.
Levou um certo tempo e foi desgastante mas eu aprendi a me impor. Fiz isso sozinho. Nenhum conselho. Nenhuma influência.
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Autor: Thiago Delano, (rascunhos).
19 de fev. de 2013
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Olhando o verde do campo, sentindo cheiro do mato sendo roçado, eu me sentava no balanço sob a imensa mangueira do quintal e me divertia sozinho. Acho que me tornei independente mesmo antes de saber o que isso significava. Naquele dia eu coloquei alguns vaga-lumes num pote de vidro e me lembro de sentir o cheiro forte dos insetos e soltá-los logo depois da captura, afinal, eu não iria mostrá-los a ninguém. Senti vontade de conversar mas fui dormir.
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Autor: Thiago Delano, (rascunhos).
Olhando o verde do campo, sentindo cheiro do mato sendo roçado, eu me sentava no balanço sob a imensa mangueira do quintal e me divertia sozinho. Acho que me tornei independente mesmo antes de saber o que isso significava. Naquele dia eu coloquei alguns vaga-lumes num pote de vidro e me lembro de sentir o cheiro forte dos insetos e soltá-los logo depois da captura, afinal, eu não iria mostrá-los a ninguém. Senti vontade de conversar mas fui dormir.
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Autor: Thiago Delano, (rascunhos).
16 de fev. de 2013
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Naquela manhã senti fome e sono, continuei deitado e olhando o teto com o pensamento vago por alguns minutos. Eu não queria me levantar, mesmo assim, saí. O dia ainda estava escuro e eu fui fazendo planos pelo caminho, isso era o que eu fazia de melhor.
Com as mãos já calejadas pelo trabalho árduo nos dias anteriores e com o pensamento em dias melhores comecei a carpir. O suor escorria pela testa. Eu gritava por dentro e tentava não pensar na triste realidade daqueles dias.
No fim da tarde, peguei uma nota amassada como pagamento e enfiei no bolso da calça suja de terra, passei no mercado e fiquei olhando as prateleiras, fiz cálculos, peguei alguns pacotes e fui pra casa. Não me sobrou troco algum. Enquanto eu comia uma fatia de pão com manteiga e tomava uma xícara de café, me perguntaram como tinha sido meu dia, fiz silêncio por alguns segundos e respondi: "Foi bom". A única coisas que eu queria naquele momento era um banho. Fiquei alguns minutos debaixo do chuveiro e chorei.
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Autor: Thiago Delano, (rascunhos).
Naquela manhã senti fome e sono, continuei deitado e olhando o teto com o pensamento vago por alguns minutos. Eu não queria me levantar, mesmo assim, saí. O dia ainda estava escuro e eu fui fazendo planos pelo caminho, isso era o que eu fazia de melhor.
Com as mãos já calejadas pelo trabalho árduo nos dias anteriores e com o pensamento em dias melhores comecei a carpir. O suor escorria pela testa. Eu gritava por dentro e tentava não pensar na triste realidade daqueles dias.
No fim da tarde, peguei uma nota amassada como pagamento e enfiei no bolso da calça suja de terra, passei no mercado e fiquei olhando as prateleiras, fiz cálculos, peguei alguns pacotes e fui pra casa. Não me sobrou troco algum. Enquanto eu comia uma fatia de pão com manteiga e tomava uma xícara de café, me perguntaram como tinha sido meu dia, fiz silêncio por alguns segundos e respondi: "Foi bom". A única coisas que eu queria naquele momento era um banho. Fiquei alguns minutos debaixo do chuveiro e chorei.
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Autor: Thiago Delano, (rascunhos).
14 de fev. de 2013
[...]
Selma se via num espelho empoeirado de reflexo turvo se apoiando na bacia branca da pia, lágrimas surgiam em seus olhos, a impressão que ela tinha era que a senilidade havia chegado rápido demais e isso a assustava. Pensando em voz alta, Selma exprimia as vontades da infância imaginando o que poderia ter feito. Aquele suéter que ela tanto queria e não comprou, o filme que ela nunca viu ou o livro que ela nunca leu. Gastou muito tempo sentindo raiva e chorou. Gastou lápis e papel com planos e envelheceu.
[...]
Autor: Thiago Delano, (rascunhos).
Selma se via num espelho empoeirado de reflexo turvo se apoiando na bacia branca da pia, lágrimas surgiam em seus olhos, a impressão que ela tinha era que a senilidade havia chegado rápido demais e isso a assustava. Pensando em voz alta, Selma exprimia as vontades da infância imaginando o que poderia ter feito. Aquele suéter que ela tanto queria e não comprou, o filme que ela nunca viu ou o livro que ela nunca leu. Gastou muito tempo sentindo raiva e chorou. Gastou lápis e papel com planos e envelheceu.
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Autor: Thiago Delano, (rascunhos).
8 de fev. de 2013
7 de fev. de 2013
6 de fev. de 2013
5 de fev. de 2013
4 de fev. de 2013
Ser Pai
Ser pai, acredito eu, vai além de assumir uma responsabilidade; é dar
valor ao que as pessoas empobrecem, é fazer uma criança brincar com um
sorriso nos lábios e mantê-lo por toda a sua vida, é contribuir para
que lágrimas caiam em quantidades mínimas de uma infância tão frágil,
é fazer com que, no futuro, uma pequena criatura queira ser igual
àquele cara que contava histórias ao anoitecer e que sempre a segurava
pela mão quando as suas pernas tropeçavam. Quando se cresce, esses
pequenos gestos já não fazem tanta falta, mas o vazio que os substituem
dói. Não tive a oportunidade de me espelhar em alguém enquanto
crescia, sou o que "eu me fiz" e carrego comigo o orgulho que meu pai
deveria carregar.
Autor: Thiago Delano.
Ser pai, acredito eu, vai além de assumir uma responsabilidade; é dar
valor ao que as pessoas empobrecem, é fazer uma criança brincar com um
sorriso nos lábios e mantê-lo por toda a sua vida, é contribuir para
que lágrimas caiam em quantidades mínimas de uma infância tão frágil,
é fazer com que, no futuro, uma pequena criatura queira ser igual
àquele cara que contava histórias ao anoitecer e que sempre a segurava
pela mão quando as suas pernas tropeçavam. Quando se cresce, esses
pequenos gestos já não fazem tanta falta, mas o vazio que os substituem
dói. Não tive a oportunidade de me espelhar em alguém enquanto
crescia, sou o que "eu me fiz" e carrego comigo o orgulho que meu pai
deveria carregar.
Autor: Thiago Delano.
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