27 de set. de 2013

[...]

Me lembro de, inocentemente,  perguntar quanto custava ter felicidade e, com um sorriso de porcelana, a senhora de cabelos brancos me responder: _Menos do que se imagina. Ela se apoiava em uma bengala que foi improvisada com um pedaço de madeira, apontava com o dedo trêmulo e arqueado em direção à mesa e pedia para que eu enchesse um jarro com o leite que estava na garrafa de vidro. Imaginei que suas mãos não suportavam segurar aquela garrafa de vidro cheia de leite. Fiz o que ela me pediu e ouvi um "obrigada" tão verdadeiro que me senti abraçado. Retribuí o abraço com um breve "obrigado eu" e saí.

[...]

Autor: Thiago Delano, (Fragmentos).

25 de set. de 2013

[...]

     Afinal, nós nos interessamos por aquilo que nos agrada.

[...]

Autor: Thiago Delano, (Fragmentos).

24 de set. de 2013

[...]

Sem fôlego, continuei correndo. A impressão que eu tinha era de correr cada vez mais rápido com cada vez menos oxigênio. Eu corria tão rápido que os meus olhos lacrimejavam com o vento frio daquela madrugada. Quis conferir a retaguarda mas continuei correndo focado num ponto fixo imaginário que eu havia criado sabe-se lá porquê. Provavelmente, essa era uma forma de eu não perder o controle das minhas pernas que já se apresentavam em um estado deplorável de tremores involuntários.
Eu via faíscas verdes que oscilavam na mesma frequência dos meus batimentos cardíacos. Eu já não aguentava mais. Não sei se corri sozinho por quilômetros ou se corri sozinho por alguns metros apenas. Sei que não havia ninguém por perto, além de alguns pobres coitados deitados junto ao tapume do maior hospital da cidade. Me apoiei num vergalhão com as pernas ainda trêmulas e enxuguei as lágrimas que, mesmo sem a ação do vento frio, continuavam a percorrer meu rosto pálido.
Caminhei por mais algumas quadras escuras e percebi que a minha camisa estava suja de sangue. Fiz uma rápida conferência em mim e tive a certeza de que aquele sangue não era meu.
Quis um banho quente e uma xícara de café.

[...]

Autor: Thiago Delano, (Fragmentos).

22 de set. de 2013

[...]

Completamente em silêncio, pensei que um tiro doeria menos.
Eu podia ouvir os batimentos do meu coração. Acelerado. Rítmico. Forte como nunca o senti antes.
E, por alguns segundos, pensei não ter mais forças. Pensei em perder o controle mas essa não era uma opção disponível.
Decidi lidar com o medo da forma mais fácil que encontrei. Fingi não senti-lo.

[...]

Autor: Thiago Delano, (Fragmentos).

19 de set. de 2013

[...]

Você só toma consciência de que estava sonhando quando acorda.


[...]


Autor: Thiago Delano, (Fragmentos).

11 de set. de 2013

[...]

Pensei ter trocado os pés pelas mãos, pensei ter começado pelo fim e levei anos para descobrir que o fim era o começo.

[...]

Autor: Thiago Delano, (Fragmentos).