23 de mar. de 2013

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     Vi a tristeza nos olhos cheios de lágrimas da minha mãe ao ver-me partir. Eu não conseguia acalmá-la ou, sequer, abraçá-la; demonstrações de afeto sempre foram muito difíceis na minha infância. Em uma das mãos, ela segurava o número de telefone que foi anotado rapidamente e que eu a entreguei segundos antes de sair. Eu me sentia a pessoa mais irresponsável do mundo. Muito jovem, eu não tinha as mínimas condições de enfrentar as barreiras que a vida me ofereceria. Tentei não prolongar as explicações, tentei não chorar, tentei ser responsável fazendo uma irresponsabilidade.
     Eu já havia caminhado 10 ou 15 metros e olhei uma última vez pra trás, vi minha mãe chorando e não contive as lágrimas. Chorei por ter que deixá-la, chorei por ter que fazer-me adulto antes do tempo e acenei uma última vez.
     "_Vá meu filho, mas se você precisar pode voltar". Ouvi e, com a cabeça, fiz sinal de positivo sem conseguir dizer uma palavra sequer. Em pensamento, pedi que Deus a confortasse e continuei caminhando.

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Autor: Thiago Delano, (rascunhos).

19 de mar. de 2013


     Hoje, quando acordei, me pus de pé sonolento e com os olhos ainda vermelhos. Conversei com Deus por alguns minutos. Pronto pra sair, me sentei novamente na cama e fiquei pensando em como a vida é incerta. Caminhos opostos, dificuldades, barreiras. No fim, senti orgulho de mim mesmo e tive a certeza de que tomei as decisões certas. Ao sair, vi o sol nascendo e agradeci por poder viver mais um dia.

Autor: Thiago Delano

11 de mar. de 2013

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     Sentei-me numa cadeira de balanço e senti o encosto frio me arrepiar a nuca. Apreciei o balançar da cadeira por alguns segundos e elevei meus olhos, no céu azul reluzente com o sol se pondo em tons de dourado vi dois pássaros voando juntos em direção ao horizonte. Voavam tão alto que nem o bater das suas asas era percebido. Os segui com os olhos até que os seus movimentos se igualaram ao balançar das árvores no distante horizonte. Sumiram em silêncio.
     Voei com eles em pensamento por certo tempo de uma forma tão verdadeira que pude sentir a brisa soprando meu rosto. Respirei fundo e percebi que a cadeira já estava imóvel. Deixei-os seguir viagem.

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Autor: Thiago Delano, (rascunhos).

7 de mar. de 2013


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     Naquele dia me pus de pé um pouco mais cedo do que de costume. Ainda escuro, não senti sono algum. Tomei uma xícara de café, fiz algumas reflexões mentalmente e saí. O portão fez um barulho metálico e se abriu em estalos. Cedendo à minha própria resistência, olhei pra trás e me emocionei, aquela era a última vez que eu passava por aquele portão. Não voltei. Senti raiva por um tempo que logo passou, tive dificuldades que superei e senti saudade que perdurou.
     Anos depois, percebi o quanto aqueles acontecimentos mudaram a minha vida. Tornei-me outra pessoa; melhor, mais responsável e com outras visões. As verdadeiras amizades se firmaram novamente com o tempo e o que ficou daquilo tudo foi nostalgia. Prefiro me lembrar dos bons momentos, apenas.

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Autor: Thiago Delano, (rascunhos).

2 de mar. de 2013

     Experimente perdoar. Perdoe quem mereça ser perdoado, quem te pede desculpas, quem te abraça depois de discordarem e perdoe também quem olha nos teus olhos. Experimente desprezar. Despreze quem mente, quem engana e quem maltrata. O desprezo é muito mais doloroso que cem palavras arrogantes ditas num momento de discussão. Perdoe mas antes, despreze.

Autor: Thiago Delano